segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Capitulo 38 - Um Brinde!

Chamei Lara para perto e entreguei a ela a caixinha que seu pai havia trazido com ele. Lara abriu e seus olhos brilharam num sorriso. Eram as alianças! Em ouro branco e ouro amarelo, a masculina  simples e a feminina com um brilhante lindo no meio. Era difícil algo tornar Lara ainda mais bela e elegante, mas quando coloquei no seu dedo anular da mão direita e a pedi em casamento, ela ficou ainda mais linda e eu mais apaixonado.

Coloquei o anel em seu dedo e pedi a ela que me desse a oportunidade de passar o resto da minha vida com o objetivo maior de fazer de Lara  a mulher mais amada e respeitada entre todas. Meus olhos brilhavam e as lágrimas corriam pelo meu sorriso de felicidade. Lara olhou para mim, passou as mãos sobre meu pescoço, ficou na ponta dos pés, me beijou com aquele sorriso que só ela sabia fazer e me respondeu: “Estar ao seu lado já me faz a mais feliz. O jeito que você me olha e me cuida me fazem sentir especial e muito amada por você meu querido! Claro que eu quero me casar com você!”

As palavras eram doces como o mel! “meu querido” e “claro que quero casar com você”. Era tudo que eu queria ouvir. Brindamos com champanhe e demos inicio à merecida  comemoração. Fiquei feliz em ver nossos pais conversando animadamente. Era muito importante para mim e para Lara que nossas famílias interagissem bem e isso parecia caminhar tranqüila e naturalmente. 

Sentei ao lado de Lucas para conversar, ele e Júlia seriam nossos padrinhos com toda certeza. Comentei com Lucas sobre como a vida nos reserva surpresas que jamais imaginamos acontecer. Há poucos meses eu era um homem solteiro, desiludido com as mulheres, meio perdido e que não acreditava no amor. Se alguém dissesse que eu me casaria em breve eu chamaria de maluco e mandaria procurar um psiquiatra. Agora, ali estava eu, feliz, apaixonado, leve, com olhar bobo no horizonte. Lara havia me transformado. Confessei para Lucas que antes de conhecê-la melhor, eu até a achava meio esnobe, metida. Como somos idiotas! É típico do ser humano prejulgar, criar estereótipos, idéias pré-concebidas. Como eu tinha sido injusto com meus pensamentos. Depois de conhecer Lara melhor eu mudei muita coisa na minha cabeça. Na verdade, Lara, Lully e Martha, cada uma à seu modo, haviam contribuído muito para a formação do Herculano de hoje. Cada uma delas  havia lapidado e amadurecido um pouco aquele Herculano que agora conversava com Lucas. Meu amigo falou que estava muito feliz com tudo que estava acontecendo na vida de todos. Ele estava muito feliz com a vinda de Rafa, com a nova empresa e agora com a notícia do meu noivado com Lara e para completar com o fato de tudo acontecer em sua casa. 

Ficamos ali conversando como dois irmãos sobre a evolução de nossas vidas, desde o dia que nos conhecemos até hoje. Os apertos, os dias de dureza, as aventuras, os romances, as famílias. Era muito bom ter um “irmão” como Lucas. Comentamos também sobre a simplicidade dos pais de Lara. Eles eram ricos e da alta sociedade, mas nem assim se importaram com a ideia de um noivado simples, improvisado de surpresa, num churrasco na casa de Lucas. São ricos, têm berço mas não são esnobes, isso era uma boa característica em meus sogros. Dr. Oswaldo não era bobo, sabia fazer negócios e usar bem suas armas, mas com a família e principalmente com a filha, ele era um pai inteligente. Sabia que Lara ficaria muito feliz com a ideia que eu e Júlia havíamos planejado. Apoiou de primeira e deixou a escolha das alianças a cargo do bom e refinado gosto de Dona Heloísa. Tudo caminhava bem, estava feliz e agradecido a Deus por tantas bênçãos em minha vida.

Logo depois foi a vez de sentar com meu pai um pouco. Ele também estava muito feliz e sereno. Era do tipo que não se empolgava em excesso, transmitia serenidade. Aproveitou para dar alguns conselhos sobre como aproveitar bem aquela oportunidade. Sempre frisando sobre a importância de não se tirar os pés do chão, ficar atento com o que ele chamava de veneno da vaidade e da soberba. “Quando esses sentimentos dominam o coração de um homem, é o primeiro passo rumo a perdição!”. Ouvi isso várias vezes e no atual momento era realmente muito válido ouvir novamente para não esquecer. A Vida mudava muito rápido e manter minha essência seria de fundamental importância para não me perder nos caminhos tortuosos que a vida oferece. Fizemos alguns brindes junto com Lucas e Dr. Oswaldo. 

A Festa foi muito boa, dança bebida e boa comida. Além do sol e uma bela paisagem. Tudo perfeito para aquele momento. Tiramos várias fotos para guardar e montar o álbum do casal. Ficamos lá até o fim do dia. O motorista levou nosso carro para o RJ e nós voltamos todos de helicóptero. Foi a primeira vez que fiz um vôo de helicóptero. Dr. Oswaldo riu do fato de eu entrar meio desconfiado e falou. “Relaxa meu genro, vais andar muito ainda nesse bicho. A primeira vez é assim mesmo, depois você vicia, é rápido e prático e ajuda muito no mundo dos negócios. Você vai se acostumar!”. Ele estava certo. A viagem foi rápida, segura e tranqüila e nesse dia descobri que havia um heliponto na cobertura do prédio de Dr. Oswaldo. Eu era ainda um calouro naquela vida nova. Havia muito a aprender.

Acabei ficando um pouco na casa de Lara, conversando com ela e com Dona Heloísa. As duas já começavam a planejar o casamento. Disse a Lara que ela podia escolher tudo, que devia fazer o casamento que ela quisesse, eu não tinha exigências e nem restrições. Casamento é a festa da mulher e eu não tinha nenhuma pretensão de me meter. Seria um convidado de honra e faria mesmo tudo para ver minha amada feliz. Ela contava as coisas com empolgação e brilho nos olhos. Eu não tinha idéia da quantidade de coisas que envolvem um casamento. Pelo que Lara e dona Heloisa diziam, seria um evento brilhante do qual eu teria mesmo muito orgulho de participar. Depois de mais ou menos uma hora e meia de papo me despedi e fui para casa. Lara pensou em ir, mas ela tinha consultório cedo, ia à creche também e eu queria que ela descansasse. O fim de semana foi corrido e eu tinha a vida inteira com ela pela frente, não tinha pressa.

Peguei o carro e segui para casa. Passei pela Lagoa e fui pensando na vida, no futuro, no ritmo acelerado que  eu teria de trabalho pela frente, nos planos pro casamento. Teríamos que pensar onde morar, por exemplo. Era muita coisa! Meu pensamento viajou tanto que mal reparei no caminho. Minha mente voltou à infância, me lembrei dos tempos de escola, das brincadeiras, jogos de futebol... Minha vida passou como um filme em minha mente. Há tempos eu não sentia isso. Uma sensação de paz, de plenitude. Só queria chegar em casa, desarrumar minha mala, preparar a roupa para a segunda feira. A semana de trabalho já não causava mais frio na barriga, já não dava mais aquele medo. O sentimento era de desafio, de crescimento. Eu estava firme, decidido e ansioso por dar resultado, por fazer as coisas acontecerem.

O Celular tocou, era um dos amigos da turma do Estephanios, chamando para uma rodada no bar e reclamando do meu sumiço. Realmente eu estava muito sumido dessa turma. Pensei em deixar para outro dia, prometer passar por lá na quinta-feira ou coisa assim, mas logo admiti que eu nunca iria lá numa quinta-feira. Minha semana na empresa consumia quase todo meu tempo e se eu tivesse uma folga iria ver Esther e se tivesse duas, iria ver Lara. Prometi então passar para uma rodada. 

Cheguei um pouco antes do fim da roda. A mesa estava cheia, Jorge e Cláudia foram os primeiros a me receber, com abraços e brindes. Nascimento também estava lá e Martha com Chris! Sentei e logo chegou o meu chopp.  Já cheguei me desculpando pelo sumiço, todos me colocaram aquela pilha normal quando um amigo fica ausente: “Ta casado, dominado, ficou rico, ficou metido, ganhou na loteria” e outras bobeiras do tipo. Comecei a contar um pouco sobre a loucura de trabalho que minha vida havia se tornado, sobre a correria da nova empresa e etc. Quando me preparava para falar de Lara, Martha me interrompeu. Mulher é fogo, repara em tudo, ela viu a aliança em minha mão quando ergui o copo para pedir mais um chopp. “Vai casar Herculano???” Gritou marta em alto e bom som e parece que foi combinado. Martha gritou exatamente na hora que o grupo parou uma música para começar outra.

 O Bar inteiro parou para olhar para mim! Fiquei meio envergonhado, mas como dizia um amigo “fica logo vermelho de uma vez que passa! Não fique refém!” Lembrei do conselho dele, me levantei, peguei o microfone do cantor e comuniquei: "Queridos amigos, informo a todos aqui que meus dias de solteiro terminaram. Vou me casar em breve e como sou antigo estou noivo!!! Uma rodada de chopp por minha conta para todos os presentes para mostrar como estou feliz e casando por livre e espontânea vontade!!  Um brinde ao amor!!!”

Enquanto minha rodada era servida o grupo me brindou com uma homenagem, entoando em ritmo de samba os versos de Caetano Veloso:

"Menina do anel de lua e estrela
Raios de sol no céu da cidade
Brilho da lua oh oh oh, noite é bem tarde
Penso em você, fico com saudade
Manhã chegando
Luzes morrendo, nesse espelho
Que é nossa cidade
Quem é você, oh oh oh qual o seu nome
Conta pra mim, diz como eu te encontro
Mas deixa o destino, deixe ao acaso
Quem sabe eu te encontro
De noite no Baixo
Brilho da lua oh oh oh, noite é bem tarde
Penso em você, fico com saudade"

5 comentários:

Angélica disse...

É...bom mesmo seria se cada um de nós ter a chance de viver um momento assim :)
Vamos ver até qdo as coisas continuarão calminhas...risos

Rose Marín disse...

Lenon,
Curtindo muito cada capítulo, fiquei afastada e qdo vi já perdido uns 3 (não pode) sempre presa a história e gostei muito de ter mudado o resumo do título "Herculano" , estava sentido que o foco ficou com ele e não com July (ao menos até os dias atuais) ... Parabéns pelo belo texto e minúcias em descrever locais e sentimentos...

Cláudia Otoni disse...

Juro que pensei em comentar cada capítulo, mas fiquei tão envolvida à leitura que não conseguia perder tempo escrevendo.
Li 38 capítulos, um atrás do outro, sem a menor vontade de parar.
Pra mim, o bom escritor é aquele que consegue nos prender, que faz com que consigamos participar da história.
Palavras fáceis e bem colocadas, sentimento traduzido em citações que ficam na nossa memória.
Agora, deixarei de comer suas palavras, mas ficarei sempre na ansiedade do próximo capítulo.
Parabéns Lennon!
Me surpreendeu!
Espero que o final de Herculano seja também assim, surpreendente!
Forte abraço da sua leitora e fã!
Cacau Otoni

Lennon Pereira disse...

Obrigado Rose, fico feliz que goste e que acompanhe! Um beijo e uma ótima semana!

Lennon Pereira disse...

Olá Cacau, Fico muito feliz que tenha gostado e agradecido pelas palavras de carinho e apoio ao livro. Isso tudo aumenta a responsabilidade e o empenho do autor. Espero que Herculano possa deixar lembranças e que a história surpreenda até o final. Acredito que o personagem seja como um filho. O livro ainda não acabou e ja estou ficando com saudades de alguns deles. Quem sabe ele volte para uma segunda aventura? Beijos e mais uma vez muito obrigado.