quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

De volta a Cidade Maravilhosa

Aos meus queridos amigos e leitores, quero registrar que a saudade vem a muito tempo apertando o peito.  Aqueles que acompanharam minhas aventuras e leram o livro, meu muito obrigado.

Inauguro aqui o Buteco do Herculano, onde contarei como estamos hoje, as histórias dos amigos, casos interessantes, coisas do dia a dia, reflexões, desabafos, tudo com um toque de humor e irreverencia, para adoçar um pouco a gororoba do dia a dia!
Estou de volta ao Blog, para não mais me afastar de vocês, e também para contar como anda a minha vida, de Lara, das gêmeas e dos demais personagens que fazem parte dessa jornada.

A vida em Búzios estava maravilhosa. Quando deixei vocês, estávamos com as meninas bem pequenas e a pousada a pleno vapor. Se não me engano se passaram quase dez anos!!
Aquilo era um paraíso. Espaço, ar livre, a beleza do mar, natureza e nada de terno e gravata, escritórios formais, reuniões ou eventos cheios de frescuras. Vínhamos ao Rio de Janeiro para visitar meus pais e os pais de Lara. Para uma ou outra comemoração, mas via de regra, recebíamos com frequência na pousada, nossos parentes e amigos. De lá tirávamos nosso sustento, sem muitos luxos mas sem apertos. Conhecíamos muita gente interessante. Pessoas pitorescas, simples, milionários, gente bacana e gente esnobe. Uns com berço e outros sem nenhuma educação. Casos interessantíssimos vividos que serão aqui contados com o passar do tempo.

Eu tinha a vida perfeita, aquilo era tudo que eu sempre havia sonhado, mas como eu não sou sozinho, os sonhos precisam ser compartilhados, e para se viver em família é preciso escolher sempre o melhor para todos.
Evitei o quanto pude até tomar essa decisão. Lara começou com seu jeito doce e delicado, a fazer aminha cabeça pela mudança de rota. Búzios e a pousada eram muito bons para nós e para as crianças, até uma certa idade. Liberdade, jardim, praia e a paz de uma cidade pequena fazem bem sim, mas Lara tinha uma preocupação extra com o futuro e a formação das gêmeas!

Começou assim a me convencer a fazer o caminho de volta, pois no Rio de Janeiro existem melhores escolas para a formação de nossas pequenas princesas. Não podemos como pais escolher um único futuro, de futuras donas da pousada. Além disso, quem garante que nosso sonho seria a realização dessas novas e lindas pessoas que dependem de nós?


Assim, por amar demais minha esposa e minhas filhas, concordei com Lara e traçamos os planos para voltarmos ao Rio de Janeiro. Arrendamos a pousada para um casal de franceses, dos quais falarei  mais a frente,(são pessoas sensacionais, apesar do estranho habito de não usar desodorante!!), que vieram para o Brasil buscar novas oportunidades durante a crise na Europa e acabaram cruzando nosso caminho. Abrimos uma clínica de pediatria, o grande dom de Lara, e eu hoje me divido em ajudar na administração dos dois negócios e na tarefa mais importante da minha existência: cuidar de Carol e Luiza. Quando consigo um tempo, venho ao Buteco relaxar e conversar com vocês.
A adaptação não foi assim tão simples, eu passava 90% do meu tempo de sunga, camiseta e chinelo. No Inverno colocava um moletom e estava pronto para qualquer evento na cidade.
Acabamos nos tornando conhecidos, cidade pequena é igual a novela, todo mundo se conhece, se encontram e todos sabem da vida um do outro.


Quando assisto as entediantes novelas da Rede Globo, fico me perguntando: será que Rio de Janeiro e São Paulo são como Búzios? Se um personagem vai ao restaurante, todos da novela frequentam o mesmo lugar. Teve até uma novela que apresentava algo tão inimaginável, que chegava a duvidar da inteligência das pessoas. Dois casais de amantes iam Irremediavelmente sempre no mesmo motel, no mesmo dia e na mesma hora! Para piorar, o tal Motel tinha sempre apenas uma garrafa de champanhe em estoque!!! Depois desse dia comecei a desconfiar que Búzios era uma metrópole disfarçada. Eu ficava indignado com isso, mas Lara ria e com seu jeito apaixonante, simples e impar dizia: “- Meu amor, divirta-se, isso é uma coisa para passar o tempo e não para parecer real”. Lara definitivamente foi o maior acerto da minha vida até hoje.
Aqui estou eu de volta. Sentado no meu novo bar o Desacato. Acabei abandonando o antigo, que não citarei aqui para não ferir ninguém. Nada contra o bar, mas apenas busquei algo mais próximo de meus gostos. Aqui o Garçom torce para o mesmo time que eu, já sabe qual minha caipivodcka preferida, de tangerina com  gengibre para os dias quentes, e serve meu Logan no copo longo nos dias de temperatura amena. Reserva minha mesa na varanda, onde posso recostar e apreciar o ambiente, a vista e um bom futebol quando é o caso. Os amigos já conhecem também a bela feijoada tradicional aos finais de semana e volta e meia passamos belas tardes na nova casa de onde escrevo a vocês. O Lugar é simples mas agradável, a decoração com astros do cinema e do rock da um tom retrô. Mesas de madeira escura cadeiras também e um piso tipo Deck sobre a calçada de esquina se alinham perfeitamente ao estilo do lugar. Nada cheio de frescuras, mas também não é aquele tipo pé sujo que espanta nossas mulheres. Democrático, acessível e bem carioca. A minha cara!

Vamos deixar de trê lê lês e vamos ao que interessa, hoje vou começar contando a vocês como conheci Jean e Annice, os tais franceses que hoje são meus sócios e que identificamos a distância, no escuro e até mesmo de olhos vendados. Esse adorável casal é a antítese da fama mundial que ostentam os perfumes de sua terra. Ou são dois debochados ou dois rebeldes, ainda não consegui definir muito bem.
Nesse exato momento preciso interromper a redação pois avisto cruzando a José Linhares minha amada Lara, com um sorriso enigmático e um envelope na mão direita. Nessa hora ela devia estar na clínica e se está vindo me ver no Desacato é porque algo de importante aconteceu.
Prometo que assim que ela chegar e eu descobrir o que me espera corro aqui e conto para vocês!
Beijos a todos