quinta-feira, 9 de março de 2017

Deus, o Menino e as Mães

Outro dia desses, ouvi um menino conversando com Deus, parei e comecei a prestar atenção nas suas palavras e sua conversa parecia muito franca e interessante.

Com a pureza que só habita nos corações infantis, ele fazia uma série de pedidos e agradecimentos, e Deus olhava para ele com aquele olhar amoroso e fraternal, típico olhar que as mães lançam sobre seus filhos. Um olhar cheio de amor, afeto e admiração.

Muitas vezes Deus apenas consentia com a cabeça, em outras vezes ele parecia especialmente interessado ou surpreso com o que lhe era dito por aquele pequeno menino.

Quando parecia que a conversa estava chegando ao fim, uma lagrima correu na pele macia e doce daquele pequenino ser.

O menino fez uma pausa, daquelas que fazemos quando precisamos juntar forças e segurar o choro para seguir em frente, e a partir de agora, vou reproduzir fielmente o diálogo que presenciei:

“Querido Deus, eu não quero parecer um menino ingrato, nem ser indelicado, mas eu gostaria muito de fazer ao Senhor uma pergunta:

Por que as nossas mães não são eternas? Elas são com certeza a sua melhor criação.

Tem a capacidade de nos dar a vida, depois nos alimentam com seu seio, nos aquecem com seu colo. São as primeiras lembranças de cheiro, de amor, de carinho e segurança.

Elas nos ensinam os primeiros passos e as primeiras palavras. Estão lá quando ficamos doentes, quando tememos o escuro, nos erguem nos primeiros tombos.

Na verdade elas estão lá para nos ajudar em todos os tombos que sofremos na vida. Ahh e quando temos medo? No colo da mãe, não há medo que não passe. Aqueles monstros que ficavam debaixo da cama sempre sumiam quando a mamãe chegava no quarto... e os bichos do armário? Fugiam correndo só de ouvir a voz ou os passos da mamãe!

Até o papai, que as vezes chegava do trabalho com uma cara triste, com o semblante tenso... era só ela lhe dar um abraço e um beijo que ele logo melhorava o astral, voltava a sorrir e vinha brincar comigo.

Eu sempre gostei muito do papai, ele é forte, divertido, eu diria que eles são uma espécie de aprendiz de mamãe, mas não é a mesma coisa sabe Deus. Eles são muito bons, mas não tem a mesma força, nem a mesma habilidade.

Mamãe sempre me entendeu no olhar. Quando eu não sabia falar, ela sabia quando eu tinha sede, fome, quando estava com a fralda molhada, com calor, frio ou com cólicas.

Eu sei que já sou um menino grandinho, já vou a escola e já sei comer sozinho. Sei também dizer quando tenho dor, frio fome ou medo. Papai me ajuda, a vovó e a titia também e eu amo muito todos eles, mas não é como o amor que eu e mamãe tínhamos um com o outro.

Sabe Deus, essas coisas eu não entendo direito. Eu sei que todas as pessoas vão para o céu um dia. Mamãe sempre me ensinou isso. Eu até entendo melhor quando elas se vão bem velhinhas, mas não entendo direito quando elas vão prematuramente.

Eu acho até que eu entenderia melhor se eu fosse grande como papai, mas assim criança, eu não entendo mesmo.

Mamãe me dizia que o Senhor ama tanto as mamães, que deu a seu Filho Jesus uma mãe, mesmo não tendo dado e ele um papai...

Aliás Deus, se ama tanto elas a ponte de dar uma a seu filho, por que não as fez eternas?”

Deus ouviu tudo atentamente, cheguei até a ter a impressão de uma lagrima ter corrido furtiva por seu rosto, e respondeu ao menino como segue:

“Meu filho, tudo que você disse é verdade, jamais criei em toda minha existência, algo tão bom, que me orgulhe tanto, quanto as mamães.

Verdade também que dei uma especial, de presente ao meu filho, e isso o fez muito feliz.
Agora imagine você comigo. Você amou e com certeza ama muito a sua mamãe não é mesmo?

 Pois é. Imagine então que ela o ama umas cem ou mil vezes mais do que você. Eu posso dizer isso, pois sou Deus e sei todas as coisas.

As mães são criaturas feitas de um amor especial, e para elas, a dor de um filho dói nela dobrado. Vocês são seu maior tesouro e sua maior razão de viver.

As Mães são sim eternas meu filho. A sua não está fisicamente ao seu lado, mas me acredite, ela está sim com você em todos os momentos de sua vida, zelando por você, cuidando e o amor dela não se acabou quando ela veio morar aqui comigo no céu, pelo contrário, ele só aumentou, ele é infinito.

Ela está aqui comigo, e quando for a hora vocês vão se reencontrar, para ficarem juntos por toda a eternidade.”

O Menino cessou o choro e disse:

“Obrigado Deus, a saudade de abraçar e de dar um beijo na mamãe vai durar até esse dia que o Senhor prometeu que acontecerá.

Enquanto isso eu continuarei aqui, amando a mamãe e sentindo sua presença comigo em tudo que ela me deu na terra, em tudo que ela me ensinou.

Muito obrigado por conversar comigo e me explicar aquilo que as vezes não conseguimos entender.
O Senhor é tão bom, que em vez de Pai, devíamos chama-lo de Mãe.”

O menino abraçou Deus, deu-lhe um beijo no rosto e saiu com o coração leve. Deus suspirou e voltou a sua rotina de Deus, já eu, eu derramava lagrimas desde o início da fala do menino. Me pus em seu lugar.

Fechei os olhos e agradeci a Deus por mais esse ensinamento.

Senti a presença de minha mãe desde a primeira infância e nesse exato momento ela acabara de me abraçar em seu colo e de secar minhas lagrimas, como muitas vezes fez em vida.


Obrigado Deus pela mãe maravilhosa que tive. sem ela eu não teria conseguido.

9 comentários:

Unknown disse...

Lindo amor! Seu texto me emociona duplamente, como mãe e tb como filha. Eu ainda tenho a sorte de ter a minha mãe comigo, aliás as minhas duas mães! Uma jovem e outra nem tanto e me causa pavor imaginar o que seria a vida sem elas. No mais, a mamae do Gui ama muito você ❤

Unknown disse...

Lindo demais. Pura emoção. Minha lágrima correu junto com a sua.
Também gostaria de ter a presença física da minha mãe eternamente.

Unknown disse...

Lindo texto eu ainda tenho a minha mãe comigo graças a Deus, porém perdi a minha segunda mãe q era minha vó paterna e já faz 10 anos e ainda me lembro de cada detalhe da sua triste partida porém o amor,esse ainda é enorme. Lindo texto Lennon ,está de parabéns.

Lennon Pereira disse...

Muito obrigado a todas que prestigiaram e comentaram!

Luciana marinho disse...

Realmente linda a conversa com Deus, e o objetivo que trouxe você a trazer essa mensagem também é muito bonito, mãe é única e insubstituível, por vezes se nos calarmos, entrarmos em contato com Deus, ele nos escuta e sempre responde, o tempo alivia a dor, mas a saudade, essa é eterna, Mas...como disse o texto: sempre há o reencontro.

Lennon Pereira disse...

Obrigado Lu������

Anônimo disse...

Você se supera a cada novo texto.Esse foi antológico.Pude sentir muito próxima a minha mãe também.A sua deve estar orgulhosa de você.

Anônimo disse...

Seu pai Marcos Carneiro assina o comentário acima.Beijo!

Ade disse...

Que lindo texto...