terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Capítulo 24 - Mais surpresas


O domingo já estava quase pela metade e infelizmente não podíamos ficar ali para sempre. Lully precisava voltar para sua casa, seu pai, suas coisas, e eu também tinha minha vida. Mesmo com toda aquela magia do momento eu sabia que ainda tinha muitos novelos para desenrolar. Martha, Lara, um possível herdeiro... Resolvi que daria aos meus “problemas” apenas a devida importância real, e que trataria um a um, com tranqüilidade e serenidade.

Quando estávamos saindo, notei uma expressão diferente em Lully. Certa angústia no olhar, uma expressão de dúvida. Aquilo não era normal no olhar sempre leve e penetrante de Lully e resolvi perguntar o que incomodava minha menina acariciando seus cabelos. “Não queria que esse momento passasse nunca, sei que nossas vidas são muito diferentes e tenho medo do futuro que nos aguarda Herculano.” Disse essa frase e foi como se a preocupação de Lully voasse pela janela. Imediatamente sorriu, beijou de leve meus lábios e disparou: “ Não importa! Estou feliz, e vou viver essa felicidade sempre que puder! Obrigado pelos momentos maravilhosos. Vamos meu lindo, me leve para casa, meu pai deve estar preocupado!” Lully era isso mesmo, alegria instantânea. Leve e linda. Acatei sua ordem e fomos de papo furado até a sua casa. Ela se despediu com um delicioso beijo e pediu que eu ligasse para ela quando sentisse saudades. Desceu do carro e seguiu alegre e feliz para dentro da cruzada. Saí dali tão feliz que nem reparei Bené parado na outra esquina , a nos observar.

Peguei o rumo de casa, pensando em como seria meu domingo. Provavelmente de muitas avaliações. No caminho o celular tocou, era Lucas convidando para um almoço em sua casa. Um churrasco em sua bela cobertura. Nada como um churrasco na casa de um amigo do peito. Passei em casa apenas para um banho e para vestir uma roupa mais apropriada.

Estava um sol daqueles. A cobertura de Lucas era ampla e tinha uma bela piscina. Aquilo era um presente para coroar meu fim de semana. Piscina, churrasco, uísque, violão, amigos. Obrigado Senhor! Mal sabia eu as emoções que a vida me reservava.
Tomei um belo banho e liguei para Lully para mandar um beijo. O celular deu caixa postal. Deixei um recado “fofo” dizendo que estava com saudades e fui me vestir. Cheguei a pensar em desistir do churrasco e ficar em casa curtindo sozinho aquele domingo. Essa idéia não durou muito e rapidamente eu estava prontinho para o novo evento do dia.

Cheguei à casa de Lucas por volta das 14h. Aquele peculiar cheirinho de carne na brasa, os pais e sogros de Lucas, Julia já com uma pequena barriguinha aparecendo, cervejas e a nossa querida garrafa de Red Label sobre a mesa. Fui para casa de Lucas determinado a fazer duas coisas: curtir o domingo na companhia de grandes amigos e abrir meu coração para ele. Me divertir eu conseguiria com certeza. Já a segunda meta acabou ficando para outro dia.

Depois de uma meia hora de papos diversos, Lucas me pegou pelo braço, me levou para uma mesinha mais no canto, serviu uma dose de Red para cada um e tomou a palavra: “Herculano meu amigo, tenho um assunto sério para tratar com você, vamos fazer isso antes que o malte escocês nos domine a mente”. Lucas era um poeta, não só ao violão, mas também com as conversas do dia a dia. “Sabe meu amigo, você é como um irmão para mim que sou filho único. Estou muito feliz em vê-lo nessa fase mais centrado, equilibrado. Inclusive Julia me contou que Lara lhe confidenciou estar muito empolgada com o que está havendo entre vocês. Fez vários elogios! Meus parabéns, Lara é uma mulher sensacional”! Eu já começava a ficar um pouco tenso quando Lucas  prosseguiu com seu raciocínio. “Amigo, você sabe que, graças a Deus, as coisas vão muito bem lá na empresa. Como todo mundo sabe, não se coloca todos os ovos numa mesma cesta. Acabo de fechar um grande negócio. Adquiri o controle de uma empresa de engenharia em expansão aqui no nosso estado. Negócio bom e de oportunidade. O irmão de Julia vai cuidar da parte técnica, é engenheiro experiente e de mercado, tira isso de letra. Eu não posso dedicar tempo integral, pois meu cargo me toma quase todo o tempo. Preciso de alguém para cuidar do jurídico e ser meu homem de confiança. Confio em você e acredito muito no seu potencial. A proposta é: 5% da empresa como sócio e um salário de U$10 mil para ser meu homem de confiança. No final do ano, distribuímos os lucros no percentual de cada um. Quer ficar rico comigo? Você me entrega seus documentos para darmos entrada na alteração do contrato social e te dou dez dias para se liberar no seu atual emprego! Tem mais, pedi a Lara e seu pai que providenciassem algumas coisas para mim da Europa, então, ela me pediu que avisasse a você que só chegará na sexta feira. Não precisa buscar sua amada no aeroporto amanhã. Isso te dá mais tempo para resolver tudo lá naquele escritório “meia boca” que suga seu sangue. Aquilo não te dará camisa meu amigo. Vais viver vendendo o almoço para comprar a janta. Um dia o dono morre e babou tudo. Tá dentro?”

Lucas sabia como colocar as coisas de uma forma que não te deixava alternativa. Sua franqueza e sua visão clara da vida eram algumas de suas muitas qualidades. A proposta de Lucas não era uma proposta e sim, uma convocação. Quem não atenderia ao chamado de um irmão, para algo tão importante e de confiança? Além de tudo eu melhoraria muito meus rendimentos e minhas perspectivas de futuro. Era uma oportunidade imperdível de ascensão profissional, pessoal e social. Eu daria grande alegria e orgulho aos meus pais. Poderia ter uma vida com mais conforto, meus horizontes se ampliariam infinitamente. Eu, que há alguns meses era alguém que trabalhava sem amor e sem prazer, estava diante de uma oportunidade de ouro, ímpar. Sempre ouvi que três coisas não voltam atrás: a palavra dita, a flecha lançada e uma oportunidade perdida. Não havia porque hesitar.

Ergui meu copo, brindamos, apertamos as mãos e fechamos nosso acordo num fraterno e emocionado abraço. Eu estava agradecido e emocionado com o convite, a confiança e a oportunidade ofertada por Lucas. Todos nós comemoramos aquele momento com mais alguns brindes. Comemos, bebemos e nos divertimos até o fim do dia. Depois desse dia, minha vida nunca mais seria a mesma. Cheguei a pegar um caderno para anotar todas as providências que teria que tomar dentro de tão pouco tempo. Liguei para meus pais e fiz uma maldade com eles. Disse que tinha uma noticia bombástica, mas que só daria pessoalmente, segunda a noite durante o jantar. Minha mãe prometeu me esperar com um belo bacalhau e meu pudim de leite de sobremesa. Era bom dividir a adrenalina com alguém.

O turbilhão de emoções me fez dormir quase de madrugada. Nem percebi que Lully não havia retornado minha ligação.

4 comentários:

Cristiane disse...

Caramba! Nem a crise do euro atinge o Herculano.Cara de sorte: mulheres não faltam,bom gosto também não e agora com um bom dinheiro na mão!Partidão! Da uma dica pra mim de onde ele mora, por favor.É Natal,tempo de dar presentes...

Lennon Pereira disse...

Olá Cristiane, obrigado pelo Comentário. A Construção civil está bombando risos! um antigo mestre me dizia: Na crise é que surgem as grandes oportunidades!! vamos ver se ele estava certo! Prometo em breve revelar o endereço de Herculano!
obrigado e um beijo

Ericka disse...

Estou com peninha de Lully.....mas é claro que eu tb aceitaria esta proposta!!!

Lennon Pereira disse...

o Ericka, não fique triste, lully não perdeu a parada ainda, está tudo no ar...
beijos querida!