quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Capítulo 50 - Interagindo com a geração Y

Terceiro dia no Plano Piloto e já acordei totalmente sufocado. Por um momento pensei que fosse pelo papo tenso que tive com Martha e pelas suas indagações veementes me remetendo a uma auto-análise que eu não pretendia naquele momento. Estava precisando me concentrar em uma super missão para a empresa e Martha praticamente me obrigou a revisitar minhas escolhas e os caminhos que estava seguindo. Na verdade estava sufocado com o ar extremamente seco da região e quando me dei conta agradeci a Deus pela Luz.

Cheguei ao Café e Anna já estava lá, toda arrumada devorando o café da manhã com um invejável apetite. Frutas, iogurte, mel, pães, ovos mexidos, queijos e tudo mais que tinha direito. Que disposição! Se trabalhar com a vontade que come, vai acabar presidente da república e não apenas da empresa, pensei comigo mesmo.

“Bom dia chefe! Acordei com muita disposição para trabalhar. Vamos resolver tudo hoje. Será um dia muito produtivo, tenho certeza!”.  A animação e otimismo de Anna me fizeram muito bem. O Bom de estar em dupla, tanto no trabalho quanto na vida, é isso, ter alguém para nos ajudar, estimular, não permitir que venhamos a fraquejar. Todos nós temos momentos de fraqueza e de dúvida. O ser humano não foi feito para viver sozinho, somos seres sociais, aprendi isso na escola, ou com Esther? Não faz diferença, o importante é que aprendi e que volta e meia a vida me lembrava dessa sabia lição.

Dividi as tarefas com Anna e fui para as repartições. Na rua meu dia passaria mais rápido e eu não ficaria as voltas com minha lição de casa, analisar minhas decisões. Dito e feito. O dia passou mesmo bem rápido. Eu estava impressionado com duas coisas. Primeiro com a influência de um padrinho político. Estávamos praticamente com a filial aberta em três dias apenas, um milagre para os padrões brasileiros. Segundo, estava pensando na conta que Dr. Eleutério iria cobrar e no quanto isso afetaria minha consciência. Confesso que se Lucas não tivesse capitaneado o projeto isso nunca teria acontecido. Quando penso nos riscos, penso que eu nunca teria entrado nessa por iniciativa própria. De qualquer forma, eu era minoritário e não podia questionar nada àquela altura. Talvez para os próximos, mas nesse caso “Inês era morta”. Já era, vida que segue.

Cheguei ao hotel no fim da tarde na mesma hora que Anna, tremenda coincidência.  Perguntei como foi o dia e ela estava vibrante. Havia resolvido tudo e ainda tocado algumas pendências da Matriz no tempo que sobrou. A menina era mesmo um trator trabalhando, por um momento fiquei orgulhoso de minha escolha. Anna daria muito retorno ao investimento que a empresa estava fazendo nela. Passamos os assuntos do dia ali mesmo no bar do hotel. Tudo resolvido! Perguntei o que ela queria fazer para comemorarmos o dia de sucesso e combinamos de sair  para comer algo fora do hotel. Combinamos às oito horas na recepção. Subi, troquei de roupa e desci para correr um pouco na esteira. Para minha surpresa dei de cara com Anna fazendo a mesma coisa. Como a menina estava diferente. Sem o terninho sisudo, de roupa de academia, dava para ver que era ainda uma menina, com seus vinte e poucos anos, cheia de vitalidade e juventude. Essas roupas de academia deixam realmente as meninas muito sedutoras. Peguei-me distraído olhando minha funcionária e logo tomei juízo e me concentrei no gráfico do treino. Faltavam ainda quase 30 minutos e não devia perder a concentração nem o ritmo.

Corremos e conversamos um pouco sobre amenidades. Em seguida fui dar aquele mergulho restaurador e Anna me acompanhou. Se tem uma cena que eu não vou me esquecer foi a que vi agora. Anna de biquíni vindo em direção a piscina. Bendita juventude, bendita academia! Mal sabia ela que se me pedisse um aumento ou uma promoção eu concederia imediatamente. Saí da piscina rapidamente para não ficar com aquela imagem gravada na memória para o resto da vida e subi até o quarto rindo dos pensamentos bobos que tive na última hora da minha vida.

Falei com minha noiva, me arrumei e desci às 8 horas como combinado. Eu estava super relaxado e me prometi que não mais pensaria na cena da piscina. Aquilo não faria bem à minha mente já perturbada por Martha no dia anterior. Esperei uns dez minutinhos, atraso básico feminino,  e meu queixo quase caiu quando Anna chegou. Eu provavelmente estaria enrolado se alguém me visse ao lado daquela menina. Sempre achei que ela tivesse uns 28 ou 29 anos, depois da academia fiquei na dúvida e agora, que Anna apareceu com um vestido soltinho, de alça, pouco acima do joelho e estampado, tive certeza do erro de meu julgamento. Como as roupas enganam!

Resolvi que tomaria um ar professoral para não me envolver em encrencas desnecessárias. Perguntei ao recepcionista onde tinha um bom restaurante e fui interrompido por Anna que disse já ter as dicas boas da “night” de Brasília. Me pegou pela mão e fomos buscar o sedan no estacionamento. Anna estava animadíssima, conversando muito e contando mil coisas. Eu agora tinha quase certeza de que Anna não tinha nem 25 anos.

Ela me deu o endereço e fomos em direção ao tal point. Um restaurante bacana, bem transado, com uma decoração moderna e um estranho espaço no  meio das mesas. Passei sem dar muita importância e nos sentamos em uma mesa no canto. Anna tinha o mesmo gosto de Martha e de cara me perguntou se podíamos beber champanhe. Como não estávamos trabalhando consenti e brindamos aos bons negócios realizados no dia.

Anna demonstrava uma empolgação ímpar nas suas palavras. Estava visivelmente empolgada com as oportunidades que a empresa lhe concedera. Ela era mesmo vibrante e isso a ajudava muito. Séria e compenetrada nas obrigações e vibrante no jeito de ser. Uma boa combinação, com toda certeza. Tomamos a primeira garrafa ligeiramente rápido, movidos pelo clima e pela conversa animada. Pedimos a segunda e também uma tábua de queijos e frios para acompanhar.  Anna ergueu a taça, fez um brinde  e perguntou: “Chefe, posso falar do meu momento?”, Respondi que sim e me preparei para ouvir um interessante relato daquela bela moça.

2 comentários:

Cristiane disse...

Hummmm, isso não está me cheirando bem(se já conheço bem esse Herculano).

Lennon Pereira disse...

Calma Cristiane, vc vai ver que não é nada disso que você está pensando!! rs