Terceiro
dia no Plano Piloto e já acordei totalmente sufocado. Por um momento pensei que
fosse pelo papo tenso que tive com Martha e pelas suas indagações veementes me
remetendo a uma auto-análise que eu não pretendia naquele momento. Estava
precisando me concentrar em uma super missão para a empresa e Martha
praticamente me obrigou a revisitar minhas escolhas e os caminhos que estava
seguindo. Na verdade estava sufocado com o ar extremamente seco da região e
quando me dei conta agradeci a Deus pela Luz.
Cheguei
ao Café e Anna já estava lá, toda arrumada devorando o café da manhã com um
invejável apetite. Frutas, iogurte, mel, pães, ovos mexidos, queijos e tudo
mais que tinha direito. Que disposição! Se trabalhar com a vontade que come,
vai acabar presidente da república e não apenas da empresa, pensei comigo
mesmo.
“Bom
dia chefe! Acordei com muita disposição para trabalhar. Vamos resolver tudo
hoje. Será um dia muito produtivo, tenho certeza!”.
A animação e otimismo de Anna me fizeram muito bem. O Bom de estar em dupla,
tanto no trabalho quanto na vida, é isso, ter alguém para nos ajudar,
estimular, não permitir que venhamos a fraquejar. Todos nós temos momentos de
fraqueza e de dúvida. O ser humano não foi feito para viver sozinho, somos
seres sociais, aprendi isso na escola, ou com Esther? Não faz diferença, o
importante é que aprendi e que volta e meia a vida me lembrava dessa sabia
lição.
Dividi
as tarefas com Anna e fui para as repartições. Na rua meu dia passaria mais
rápido e eu não ficaria as voltas com minha lição de casa, analisar minhas
decisões. Dito e feito. O dia passou mesmo bem rápido. Eu estava impressionado
com duas coisas. Primeiro com a influência de um padrinho político. Estávamos
praticamente com a filial aberta em três dias apenas, um milagre para os
padrões brasileiros. Segundo, estava pensando na conta que Dr. Eleutério iria
cobrar e no quanto isso afetaria minha consciência. Confesso que se Lucas não
tivesse capitaneado o projeto isso nunca teria acontecido. Quando penso nos
riscos, penso que eu nunca teria entrado nessa por iniciativa própria. De
qualquer forma, eu era minoritário e não podia questionar nada àquela altura.
Talvez para os próximos, mas nesse caso “Inês era morta”. Já era, vida que
segue.
Cheguei
ao hotel no fim da tarde na mesma hora que Anna, tremenda coincidência.
Perguntei como foi o dia e ela estava vibrante. Havia resolvido tudo e ainda
tocado algumas pendências da Matriz no tempo que sobrou. A menina era mesmo um
trator trabalhando, por um momento fiquei orgulhoso de minha escolha. Anna
daria muito retorno ao investimento que a empresa estava fazendo nela. Passamos
os assuntos do dia ali mesmo no bar do hotel. Tudo resolvido! Perguntei o que
ela queria fazer para comemorarmos o dia de sucesso e combinamos de sair
para comer algo fora do hotel. Combinamos às oito horas na recepção. Subi,
troquei de roupa e desci para correr um pouco na esteira. Para minha surpresa
dei de cara com Anna fazendo a mesma coisa. Como a menina estava diferente. Sem
o terninho sisudo, de roupa de academia, dava para ver que era ainda uma
menina, com seus vinte e poucos anos, cheia de vitalidade e juventude. Essas
roupas de academia deixam realmente as meninas muito sedutoras. Peguei-me
distraído olhando minha funcionária e logo tomei juízo e me concentrei no
gráfico do treino. Faltavam ainda quase 30 minutos e não devia perder a
concentração nem o ritmo.
Corremos
e conversamos um pouco sobre amenidades. Em seguida fui dar aquele mergulho
restaurador e Anna me acompanhou. Se tem uma cena que eu não vou me esquecer
foi a que vi agora. Anna de biquíni vindo em direção a piscina. Bendita
juventude, bendita academia! Mal sabia ela que se me pedisse um aumento ou uma
promoção eu concederia imediatamente. Saí da piscina rapidamente para não ficar
com aquela imagem gravada na memória para o resto da vida e subi até o quarto
rindo dos pensamentos bobos que tive na última hora da minha vida.
Falei
com minha noiva, me arrumei e desci às 8 horas como combinado. Eu estava super
relaxado e me prometi que não mais pensaria na cena da piscina. Aquilo não
faria bem à minha mente já perturbada por Martha no dia anterior. Esperei uns
dez minutinhos, atraso básico feminino, e meu queixo quase caiu quando
Anna chegou. Eu provavelmente estaria enrolado se alguém me visse ao lado
daquela menina. Sempre achei que ela tivesse uns 28 ou 29 anos, depois da
academia fiquei na dúvida e agora, que Anna apareceu com um vestido soltinho,
de alça, pouco acima do joelho e estampado, tive certeza do erro de meu
julgamento. Como as roupas enganam!
Resolvi
que tomaria um ar professoral para não me envolver em encrencas desnecessárias.
Perguntei ao recepcionista onde tinha um bom restaurante e fui interrompido por
Anna que disse já ter as dicas boas da “night” de Brasília. Me pegou pela mão e
fomos buscar o sedan no estacionamento. Anna estava animadíssima, conversando
muito e contando mil coisas. Eu agora tinha quase certeza de que Anna não tinha
nem 25 anos.
Ela me
deu o endereço e fomos em direção ao tal point. Um restaurante bacana, bem
transado, com uma decoração moderna e um estranho espaço no meio das
mesas. Passei sem dar muita importância e nos sentamos em uma mesa no canto.
Anna tinha o mesmo gosto de Martha e de cara me perguntou se podíamos beber
champanhe. Como não estávamos trabalhando consenti e brindamos aos bons
negócios realizados no dia.
Anna
demonstrava uma empolgação ímpar nas suas palavras. Estava visivelmente
empolgada com as oportunidades que a empresa lhe concedera. Ela era mesmo
vibrante e isso a ajudava muito. Séria e compenetrada nas obrigações e vibrante
no jeito de ser. Uma boa combinação, com toda certeza. Tomamos a primeira
garrafa ligeiramente rápido, movidos pelo clima e pela conversa animada. Pedimos
a segunda e também uma tábua de queijos e frios para acompanhar. Anna
ergueu a taça, fez um brinde e perguntou: “Chefe, posso falar do meu
momento?”, Respondi que sim e me preparei para ouvir um interessante relato
daquela bela moça.
2 comentários:
Hummmm, isso não está me cheirando bem(se já conheço bem esse Herculano).
Calma Cristiane, vc vai ver que não é nada disso que você está pensando!! rs
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