quinta-feira, 9 de maio de 2013

Meu Herói, Meu Algoz. Reflexões de um eterno romântico


A você, meu herói, dedico a crônica do hoje. Tu que tantas vezes me fez vibrar o coração de alegria. Que em momentos me fez esquecer as dores, o medo, as incertezas. Me fez superar a dor de uma perda quase irreparável, com uma espetacular noite de quinta feira, 23 de julho de 1987. Vinha eu de um velório no Caju.  Velório de uma criança de 4 anos, que durante sua pouca estadia entre nós, espalhou alegria, carisma, vontade de viver, e acima de tudo um amor que jamais esqueceremos. Nesse dia cheguei em casa de luto, triste, olhos cansados de chorar. Estava eu aos quatorze anos recém completados em 19/07 do mesmo ano. Acabara eu de lidar de perto com o fim da vida. A morte, antes algo distante e coisa de filmes e novelas, se fazia presente em minha vida. Uma dor nunca antes experimentada. Um sofrimento que parecia que jamais ia terminar. Lembro me como se fosse hoje. Chegando em casa já ao anoitecer. Triste, cabisbaixo, meio sem saber ainda como lidar com aquela lição da crueldade da vida.

Meus vizinhos que não sabiam ainda do ocorrido me convidaram para ir ao maracanã. Eu pensei em ir para aliviar o sofrimento, mas minha consciência não me permitiu sequer pedir autorização aos meus pais.

Lembro me como se fosse de meus pais se dirigirem a cozinha, prepararem algo para que eu e minha irmã mais nova nos alimentássemos, em seguida tomaram um daqueles comprimidos que aliviam  a nossa mente quando a dor é insuportável e em seguida se dirigiram ao quarto e se recolheram em tristeza.

Fiquei só, sentado na sala, assistindo algo na televisão, depois dirigi me a janela do quinto andar do prédio na tijuca e fiquei com olhar fixo no relógio da Central do Brasil. Naquele tempo eram ainda raros os espigões, e a vista era livre. Quase se via o horizonte. Eu tinha por habito ficar a janela quando queria refletir e pensar na vida. Fiquei ali por algum tempo, pensando na perda, na tristeza e tentando entender por que a vida era assim tão cruel.

Em seguida entrei e liguei na Rádio Nacional. Era dia de Fluminense e Vasco. Buscando alento e distração, concentrei-me no jogo. Posso aqui resumir o ocorrido, e todos os tricolores lembram com certeza desse episódio.

Primeiro tempo arrasador do Vasco, mas a bola teimou em não entrar. Em uma bola parada, Washington pega o rebote e faz Flu 1 x 0. Fim do primeiro tempo. No Segundo, o Vasco domina, pressiona, mas a bola não entra. Em um chutão da zaga Tricolor, Washington arranca do meio campo, dribla dois zagueiros, dribla duas vezes Acácio e finaliza para o fundo das redes. 2x0 Fluminense. Naquela Noite fria e triste, o Flu aliviou minha dor, soprou alegria em meu peito, e fez diminuir a dor no meu coração. O Amor se constrói assim. Em momentos marcantes, o amor se faz presente, se faz amigo, se faz solidário. Posso barrar aqui outros momentos, mas hoje vou me ater a esse, em que o Flu foi meu herói. Sábado dia 02 de Março de 2013, foi meu algoz, me decepcionou, me deixou triste. Tristeza essa que passa rápido, dor curta, passageira.

Fico no coração com o Flu herói. É minha escolha, minha justiça, minha gratidão.

Te amo meu Fluminense. Obrigado.

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