sábado, 12 de novembro de 2011

Capitulo 9 – As surpresas de encarar a Realidade

Acordei no horário de sempre e disposto a mudar de atitude. A conversa com Esther me abrira a mente e me fizera repensar atitudes. Decidi então que me permitiria pelo menos conhecer melhor Lully. Eu não fugiria dela, nem mergulharia de cabeça. Um passo de cada vez, afinal, como diria Jorge Benjor, “...prudência e dinheiro no bolso, canja de galinha não faz mal a ninguém...”. Terninho bacana, Gravata e uma dose de perfume Pólo Ralph Loren ( meu preferido), e estava pronto o visual para ver Lully na hora do almoço. A manhã passou rapidamente, meio dia estava eu aguardando Lully em frente a Casa Urich na rua São José, tradicional restaurante do centro do RJ, Fundado em 1923, era um lugar do ótima comida. Peixes, Frutos do Mar e outros pratos tradicionais. De entrada sempre o delicioso croquete de carne, muito mais gostoso e menos famoso que o do Alemão da Rio Petrópolis. Mesas com toalhas e guardanapos de pano, Quadros do rio antigo Garçons bem vestidos, contrastando com a impessoalidade dos famigerados “kilos” e suas comidas sem gosto.maldita vida moderna. Lully chegou covardemente linda. Usava um vestido estampado, pouco acima do joelho, o dia era de sol, e seu vestido fazia o dia ainda mais alegre e bonito, cabelos impecáveis, batom vermelho, brincos de argola combinando com as pulseiras e o colar, dourados, coadjuvavam a beleza natural e espontânea de Lully. Ela deu seu tradicional sorriso e nos cumprimentamos com dois beijinhos. Entramos e nos sentamos em uma mesinha no canto, dessas de dois lugares, eu de frente para o perigo, mas já bem desarmado. Mesquita logo nos trouxe dois croquetes, dois chopps e o cardápio. Brindamos às coisas boas da vida e degustamos o delicioso bolinho com mostarda escura. Confesso que achei que Lully poderia se intimidar com o cardápio, mas ela demonstrou jogo de cintura e o charme já citado aqui. Olhou para a mesa ao lado e falou baixinho: aquele prato está lindo o que será? Era um Filé de Salmão Grelhado à Urich (com aspargos, palmito, tomate), prato que eu já havia pedido diversas vezes e era delicioso. Lully me surpreendeu pelo gosto e pela mente aberta. A maioria das pessoas em situações como essa, pede logo o tradicional e nada inovador filé com fritas, demonstrando total falta de imaginação e perdendo a oportunidade de novas descobertas, novos paladares. Um antigo professor meu dizia que a pior pobreza que pode haver numa pessoa é a pobreza de espírito. Lully começava bem, me surpreendendo positivamente, se tem algo que detesto é gente sem horizonte, que não quer evoluir, crescer, descobrir. Pedi Filé de Truta com Amêndoas, um dos meus pratos preferidos. Dou preferência aos peixes, pelo sabor e pela fácil digestão. Deixo as carnes vermelhas para os finais de semana. Conversamos bastante durante o almoço, os pratos estavam deliciosos. Eu me deliciava ao ver lully degustando com imenso prazer sua bela escolha. Descobri que Lully, apesar de órfã de mãe e do pai biscateiro, tinha um português bem razoável. A Coordenadora da Escola, Dona Izabel, a acompanhou durante o ginásio e segundo grau, e foi como uma segunda mãe. Segundo Lully, Dona Izabel foi quem a orientou na adolescência e sempre lhe deu bons conselhos sobre estudar, procurar bons empregos e boas companhias, chegou mesmo a levá-la em festas de sua família e ocasiões como Natal e Páscoa. Dona Izabel era casada com um Pastor da Igreja Luterana e originalmente professora de Inglês. Com o tempo Se tornou coordenadora pelos bons serviços e pelo perfil orientadora que apresentava. Estava explicado o gosto por salmão e aspargos. De sobremesa é claro, torta alemã, uma das mais gostosas da cidade. Uma torta e dois garfos. Quase uma reedição humana de “A dama e o vagabundo”. Lully quase me leva as nuvens ao me dar o primeiro pedaço com seu garfo. Por um momento o restaurante foi só nosso. Eu percebia um certo olhar de admiração de lully enquanto eu contava sobre uma viagem feita ao Chile. Falei sobre os Lagos Andinos, sobre o Vale Nevado e Sobre as Vinícolas. Contei também sobre a estação de esqui de Bariloche e sobre meus incansáveis tombos ao tentar me equilibrar na neve. O Lugar era mesmo paradisíaco e lá na minha mente eu já imaginava uma nova viagem até lá , dessa vez acompanhado de Lully para me esquentar. Eu admirava o charme e a beleza quase ingênua de Lully e ela admirava minhas experiências e as coisas que eu contava, minhas experiências de vida, muito diferentes das vividas pela menina pobre de finanças mas não de espírito. Um cafezinho com creme e amanteigados e chegara a hora de partir. O almoço com Lully tinha sido um sucesso total, aquela menina que até algumas horas era um grande mistério, começava a se desvendar, e para minha alegria, um início promissor. Saímos juntos e resolvi acompanhá-la até a repartição ali perto da Cinelândia. Caminhamos lado a lado, conversando sobre o almoço, e sobre coisas da vida, quando passamos em frente ao Theatro municipal, paramos no sinal para atravessar a Rua. Lully olhou para o imponente e histórico Theatro e falou: Nunca entrei no Theatro Municipal, você me leva um dia? Como dizer não? Se Lully me surpreendera pelo bom gosto no cardápio, agora Lully me deixava boquiaberto. Um amenina que normalmente gostaria de porcarias como Bello, Alexandre Pires e outros Genéricos de Pagode lixão, queria conhecer o Theatro Municipal. Com brilho nos olhos e controlando tentando controlar o espanto, respondi tranquilamente que sim, que olharia a programação e escolheria algo interessante. Ela danadinha arrematou triunfante: quero assistir a um Balé, acho lindas as bailarinas. Mal percebi que o sinal abriu para nós, ela me puxou pela mão e atravessamos, deixando para trás aquele momento que mal sabia eu, seria um grande passo em nossas vidas. Despedi me de Lully na porta da repartição. Dessa vez, alem dos dois beijinhos, Lully me deu um abraço apertado, um longo suspiro e sussurrou baixinho: vou passar a tarde sentindo seu perfume e lembrando do nosso almoço. Para me abraçar, Lully precisava ficar na ponta dos pés. Respirei fundo para ficar com seu perfume dentro de mim, retribuí o abraço apertado e a vi entrar no prédio, fiquei ali uns dez segundos me recuperando e quando me virei para partir, dei de cara com Dr. Luiz!! Meu “padrinho” deu uma baforada no Charuto e com um sorriso solidário bateu em meu ombro e falou: Esse meu afilhado só me causa orgulho! Torcedor do América e com ótimo gosto para mulheres. Essa menina é mesmo um amor Herculano e fique tranqüilo, sei que nunca foram primos! Trabalho aqui há quase 30 anos e conheço meu eleitorado. As portas do gabinete estão sempre abertas, agora ainda com mais admiração. Venha almoçar comigo semana que vem, quero saber mais sobre meu Afilhado. Dr Luiz deu mais uma baforada e entrou no prédio. Se alguém me dissesse que esse dia seria de tantas surpresas eu não acreditaria. Voltando para o Escritório resolvi apostar na minha fase de sorte e parei na banca de jogo do bicho e tasquei o milhar. Resolvi combinar Lully com Dr Luiz, o milhar deveria combinar Águia para Dr Luiz, por demonstrar que está lá do alto, sabendo tudo o que acontece e Borboleta para Lully, pela metamorfose que começara a se desenhar. 0713, Milhar e centena pelos 12 e uma aposta no Grupo 03, Burro, que era eu me escondendo da vida. Aprendi a jogar no Bicho com meu patrão, advogado...No fim da tarde fui buscar o resultado: 0713 no segundo prêmio e no primeiro prêmio 7410. Acertei centena, milhar e grupo. Seria um sinal de Deus? Bons ventos? Passei lá para buscar os 7 mil e poucos reais do prêmio e fui para casa dormir o sono dos justos e sortudos. No caminho parei e comprei uma garrafa de Veuve Clicquot, que eu guardaria para um brinde especial. Liguei o rádio para dormir e fui abençoado com a estrofe: “Quando penso em você, fecho os olhos de saudaaaaadeeee...”

13 comentários:

Angélica disse...

Então...o que vem agora? Uma surpresa a cada capítulo.

Lennon Pereira disse...

Vou tentar... Obrigado querida

Mario José disse...

Invejei o Herculano no capitulo de ontem.Tudo o que eu queria ser era América (qualquer um) pois foi um América que magoou meu coração tricolor.Só mesmo a Martha para ter dado um jeito na noite de ontem...

Fabricio Jorge disse...

Esse Herculano tem um excelente gosto musical.De onde ele adquiriu esse gosto? Anos 80, cheio de pagodes, Raça Negra e ele ataca de Fagner,Vinicius,Cartola.As mulheres gostam mesmo desses caras que nem sei realmente quem são?Só falta atacar de um tal de POdair José (dizem que era um braga romantico dos anos 80).
Porque a pitada de sacaersmo com os palistas? Com um tal, mesmo gostando da histório,achei de melgosto.

Lennon Pereira disse...

Alo Mario josé! Meu coração tambem se entristeceu ontem mas minah "martha" me consolou, graças ao bom Deus! Obrigado por seu comentário e melhor sorte quarta feira! Abraços

Lennon Pereira disse...

Boa tarda Fabricio Jorge, Obrigado por acompanhar a História. Morei em SP, tenho Grandes amigos lá e uma afilhada Paulista. Foi apenas uma brincadeira, me desculpe se ofendi, não foi a intenção. sua cidade é cheia de charme e atrativos e é sempre um prazer estar em SP e com meus amigos Paulistas e Paulistanos!. minhas sinceras desculpas.
abraços

Lennon Pereira disse...

é um prazer receber todos os comentários!

Alexandre Santos-RJ disse...

Comecei a ler hoje a sua história e ela me prendeu bastante.Gosto desses livros que descrevem coisas da cidade que já não existem mais ou nao fazem quase parte dos seus moradores (creio que a Colombo ainda vai pintar no pedaço não é?).
Estou curioso com o destino do Herculano: Martha, sem comrpomisso mas uma raridade (mulher que gosta de sexo) ou Lully, mulher de mais princípios (mas que deve ser como a maioria das mulheres: sexo, até faz, mas só para manter a relação).
Vou fazer a minha aposta mais adiante, quando conhecer o Herecula melhor (juro que será uma aposta honesta) e ao final eu digo se acertei.

Lennon Pereira disse...

Boa tarde Alexandre, Obrigado pela leitura e pelos comentários. A colombo certamente fará parte da história, lá é um pedaço especial da história do RJ. Faça sua aposta sim, vamos ver as surpresas que o livro e seus personagens têm pela frente. Grande Abraço

Ingrid disse...

Irmão, estou me atualizando hj c/ seu livro e realmente está uma delicia lê-lo!!!mto legal ver várias pessoas desconhecidas comentando!!! Vc é um sucesso!!!
PS: eu discordo do Alexandre a respeito dos gostos sexuais das mulheres e das personagens!!! acho q ele é quem tem conhecido as mulheres erradas!rsrs... p/ mim, tanto Martha qto Lully, parecem realmente gostar de sexo!

Lennon Pereira disse...

Oi Irmã, Fico muito feliz que esteja gostando, sua opinião com cereza tem especial importância.
Interagir com desconhecidos é mais uma grata surpresa que estou experimentando.
Quanto Sua impressão sobre Martha e Lully e a do Alexandre é mais uma coisa que estou aprendendo ao conversar com as pessoas> eu dei vida aos personagens e criei personalidades para eles que tento passar nas palavras. Percebi que na ficção(no Livro)é como na vida real, cada um tem uma percepção. não vou escrever aqui qual é a minha, para não influenciar nenhum leitor, afinal a história é para vocês. Depois faco com você pessoalmente, beijos e muito obrigado minha irmã querida do coração

Kelly disse...

"(...) e uma aposta no Grupo 03, Burro, que era eu me escondendo da vida".

Pois é, né? Lembrei daquele papo que tivemos dia desses por e-mail e eu te disse para se jogar! ;)

Lennon Pereira disse...

claro Kelly querida, os conselhos dos amigos são sempre bem vindos. Beijo