segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Capitulo 11 – Com a consciência limpa

Entrei no quarto, encostei a porta e liguei o ar condicionado. Muito mais para não ouvir mais a cantoria do que pelo calor. A noite estava agradável e perto da praia ventava muito. As suítes tinham uma cama de casal e um beliche. Júlia pensava em tudo e ficar hospedado lá era melhor que muito hotel da região. Um banho e fui para debaixo das cobertas. Virei de lado, cabeça no travesseiro e o outro eu abracei para não me sentir tão só naquela cama com lençóis de algodão macios e cheirosos. Fechei os olhos e suspirei orgulhoso por ter resistido às tentações. Logo peguei no sono. Estava lá, dormindo aquele sono dos justos quando senti que algo estava acontecendo. Fui passando do sono para a consciência e ouvi uma voz baixinho no meu ouvido: “Você pensou que ia fugir de mim Herculano”? Falou, me beijou o pescoço e me abraçou por trás, passando a mão pelo meu peito. Despertei e ao me virar, vi aquela mulher linda e estonteante, com uma camisola de cetim pérola, de alças, ombros a mostra, cabelos caindo no rosto. Achei que estava sonhando, e como sonhar não é pecado, beijei aquela deusa que se materializava ali na minha cama. Lara tinha um beijo delicioso, com aquele gostinho ainda de álcool da caipivodka no fundo. Por um segundo pensei que definitivamente o beijo não seria o motivo de Gil abandonar aquele sonho de mulher. Abracei o corpo quente e perfumado de Lara apaixonadamente. Uma pele macia, bem cuidada, aquele corpo lindo e um beijo intenso. Lara despejava ali naquele momento toda sua sensualidade e talvez inconscientemente, mostrava a Gil e a si mesmo que ela era sim uma mulher superior, cheia de atributos e que homem nenhum devia dispensar. Sorte a minha estar na hora certa e no lugar certo. Nada como uma mulher determinada para uma noite inesquecível de amor. O fato de ter ficado conversando com Lara, de ter a consolado e a visto frágil chorando, fez com que eu fosse ainda mais carinhoso e empenhado em satisfazer Lara. Confesso que poucas vezes tive uma relação sexual tão gratificante e compensadora. Cabeça no meu peito e a mão direita espalmada sobre mim. Fechou os olhos e sorriu . Fiquei acariciando os cabelos de Lara e vibrando com aquele momento maravilhoso. Havia um espelho desses de pé no quarto e mesmo com a pouca luz, eu conseguia admirar a beleza e pureza de Lara. Naquele momento eu conseguia ver o corpo e a alma de Lara. Falei baixinho: você não existe, é um sonho. Ela sorriu e respondeu: “Existo, estou aqui de verdade e você fez um bem enorme para minha auto-estima”. Eu nunca imaginei que Lara pudesse ter esse tipo de problema. Ela continuou: “Hoje mais cedo, num dos momentos em que chorei no seu peito, não foi por saudades de Gil, e sim porque você me elogiou e eu vi que você dizia aquilo de dentro, com sinceridade e não apenas para me agradar. Lembrei das inúmeras vezes que Gil brigou comigo e me dizia que eu não era mulher de verdade. Me chamava de menina mimada, filhinha de papai e que só ele mesmo para me aturar, que sem ele não arrumaria mais ninguém que gostasse de mim. Cheguei mesmo a me sentir mal algumas vezes, com pouco amor próprio. Gil ir para Dubai foi o melhor que me aconteceu, estou renascendo, mais forte, mais confiante e você hoje me ajudou nessa etapa. Eu vi no seu olhar que você me desejava e percebi que fugiu de mim com medo de parecer que se aproveitaria de mim, acertei”? Respondi a Lara que ela estava certa em tudo, que além de todas as qualidades, Lara era uma mulher inteligente, com ótima percepção das situações. Conversamos mais um pouco e Lara adormeceu ali no meu colo enquanto eu acariciava seus lindos e lisos cabelos. E eu agora sim dormia o sono dos justos. Lara acordou cedinho, me deu um beijinho e foi se arrumar no quarto dela, não queria que a casa toda soubesse de sua fuga noturna. Eu disse a ela que comigo o segredo estava guardado. Dormi mais um pouco e levantei para o café da manhã. Saí do quarto de óculos escuros, se eu cruzasse o olhar com o de Lara, imaginava que todos perceberiam minha admiração. Sentamos todos à mesa de madeira maciça, cabiam 8 pessoas, o numero exato, e como só havia casais na casa, coube a Lara a cadeira ao meu lado. Todos tomávamos café e conversávamos animadamente, em um determinado momento Lara pôs sua mão esquerda em minha perna e me pediu para pegar algo sobre a mesa. Senti naquele instante que nessa história Lara era a predadora e eu a presa. Após uma manhã de piscina, voltamos todos ao Rio de Janeiro. Lara que havia ido no carro dos pais de Júlia, voltou no carro de Lucas, no banco de trás comigo. Muitos assuntos, amenidades, projetos, nomes para nosso afilhado, seria menino ou menina e etc. Viagem agradabilíssima. E eu várias vezes admirando a beleza de Lara e seu charme requintado. Cheguei em casa e pensei ainda em ir ao costumeiro samba de fim de domingo. Pensei e logo abandonei a idéia, liguei o som, coloquei um CD do Pink Floyd e comecei a pensar na vida. Nós realmente achamos que podemos definir nosso destino, doce ilusão. Eu recebi o convite de Lucas sexta e decidi ir só, para poder pensar na vida, organizar meus pensamentos, fugir de problemas. Ficar longe de Luly e de Martha para entender o que cada uma realmente representa em minha vida e etc. Vejam o que me aconteceu? Lara cai do céu na minha vida já tão confusa. Logo Lara com quem já havia conversado em vários aniversários e eventos do casal Lucas e Júia, e com quem jamais tive qualquer expectativa de romance ou interesse. Conheci Lara antes dela namorar Gil! Que surpresa. Nessa hora eu pensei comigo mesmo: obrigado Senhor Deus por ser o dono do nosso destino. Abracei meu travesseiro e dormi sonhando e ainda sentindo o cheirinho de Lara. Comecei a semana decidido a me empenhar de cabeça no trabalho, e esperar minha famosa hora de cinqüenta minutos com Esther sem me meter em confusão. Pedi ao meu chefe para pegar a missão que tinha para resolver em São Paulo, ele consentiu. Três dias em SP seriam de grande valia. Remarquei a sessão para sexta feira e parti para a terra da garoa. Na mala uma garrafa de Red Label e o livro o “Triste fim de Policarpo Quaresma”. Nada como um livro com a história de um anti-herói, patriota, para nos prender dentro de um quarto de hotel à noite. Dito e feito, trabalhei muito, Bebi pouco, apenas a dose do relaxamento, li muito, descansei a cabeça e me deliciei nos maravilhosos restaurantes de São Paulo. Um dia o jantar foi numa casa de carnes no Itaim e, no outro, em uma deliciosa cantina italiana no Bexiga, que agora chamam de Bela vista, se não me engano. Comi um Rondelli de brie com damasco e molho branco, daqueles de pedir para ir até a cozinha e dar um beijo na “nona” como forma de agradecimento. Fui demovido da idéia por Peter, um amigo paulista que conheci há anos e sempre que um ou outro pegava a ponte aérea, combinávamos alguma coisa. Ele ainda chamou para uma balada após a janta, mas eu estava determinado. Agradeci pelo jantar que ele cordialmente pagou, terminei de contar a história de Lully Flor e depois de Lara e pedimos um café. Ele sorriu em falou: “Amigo Herculano, sua história fez com que eu me lembrasse de um livro lido na época de escola, “o Feijão e o Sonho”, bem bacana”. Peter era um cara muito culto e espirituoso, com certeza a isso era uma dica subliminar que ele estava me passando. Quando acabar Policarpo vou me atracar com o livro de Origenes Lessa. Mais um dia de trabalho e pegaria a ponte aérea de dez da noite na quinta feira. No aeroporto de Congonhas eu já estava com o livro nas mãos. Sentei para esperar o embarque e um sms tocou no celular. Uma pontinha de ansiedade até chegar ao fim da mensagem que dizia: Olá Herculano, será que Você me acompanharia num jantar sexta a noite? É um evento do Lions, em beneficio de crianças com Cancêr, um beijo. P.S. Tomei a liberdade de pedir seu número à Júlia, espero que não se importe. Só se eu fosse o cara mais idiota do mundo que eu ficaria aborrecido por Júlia dar meu número para Lara. Pelo contrário, ficava eu devendo mais um favor à minha querida comadre. Acho que nunca uma pessoa ficou tão sorridente na sala de espera aguardando embarque. A Varig atrasou meu vôo uns quarenta minutos, mas eu nem reparei, era como se ouvisse a voz de Lara lendo a mensagem para mim. Mergulhei no romance de Origenes Lessa e logo estava no Aaião e depois no Santos Dumont. Como é bom chegar em casa! Sobrevoamos o Maracanã, todo aceso,recebendo um jogo do Flamengo contra sei lá quem, Cristo Redentor, Pão de Açúcar e terra firme. Fui direto para a cama, amanhã tinha que chegar cedo, fazer o relatório da viagem e sair mais cedo para o consultório de Esther, com muita coisa para contar à ela.

9 comentários:

Anônimo disse...

Estou amando tudo!!!!

Lennon Pereira disse...

Muito obrigado!

Ingrid disse...

nooooossa!!! esse Herculano deve ter mto borogodó mesmo! 3 mulheres lindas na fita dele!!!kkk...eu já estou torcendo pela Lara, rs! Adorei! bjão

Angélica disse...

O cara é bom e gente boa! Mas quem será que leva?
Mas o que mais me impressiona mesmo é a sensibilidade do meu amigo escritor!
Ao trabalho, quero ler o próximo!!!Beijos

Lennon Pereira disse...

Irmã, Martha não é uma mulher linda, ao menos não foi descrita assim por Herculan. Martha tem seus encantos sim... mas linda não é, não fisicamente! beijos

Lennon Pereira disse...

Obrigado Angélica, seus incentivos são muito importantes! beijo

Marcos,Celia e Heloisa disse...

Lennon,acabamos de ler o 11.o capitulo.Eu, sua mae e a Heloisa.Quase morri de vergonha com a noite de amor...(lendo para duas damas...anciãs-comentário da Heloisa).Todos estamos gostando muito da história.Cv realmente é um escritor.Agora , a julgar pelos comentários, vc já tem um fiel publico leitor.

Lennon Pereira disse...

Obrigado aos três. quanto a noite de amor, mesmo as Anciâs ja tiveram suas aventuras, mesmo que no passado, risos. Feliz por saber que a Heloísa tambem ja conhece a história.

Kelly disse...

Lara: eu sabia que não ia ficar só no bate-papo!