quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Abrindo o envelope

Sempre me impressiono como a mente humana é ágil  e criativa! Nos poucos segundos que separavam Lara do Desacato tive vários pensamentos, alguns risíveis e outros escabrosos. Os mais angustiantes eu revelo aos amigos, os escabrosos estou criando coragem.

O Primeiro e mais angustiante de todos foi pensar que poderia ser uma citação para ser testemunha na operação Lava-Jato. Há anos não me meto com governo ou outro tipo de coisa repugnante, mas como podem lembrar meus antigos leitores, já andei as voltas com obras públicas! Graças a Deus abandonei essa vida antes de perder a lisura e a honra.

Passado esse delírio, me acometeu outro também aterrorizante: Seriam as malditas listas de material escolar das gêmeas? Teria eu que vender nosso carro? Teria eu que fazer malabares nos sinais? Essa ideia também sumiu rapidamente pois o envelope era demasiado pequeno para conter as infindáveis listas de materiais. Viria no mínimo um pequeno bloco, para cada uma, coisa fácil, nada que uma semana de visitas as casas do ramo não resolvesse!

Dentre os angustiantes também passaram pela mente os “is”, IPTU, IPVA, companheiros de início de ano dos brasileiros. Sempre me pergunte de que serve o tal IPVA??? Pagamos para estacionar na rua, para usar as estradas, as ruas da cidade são quase um rally urbano e o transito caótico! Realmente o brasileiro é um povo riquíssimo. Pagamos os maiores impostos do mundo, não recebemos nada, ou quase nada em troca e continuamos sorrindo, cantando e votando sempre nos mesmos que nos exploram e nos sugam. Bendita malemolência... já estou eu ficando chato, chega disso! Logo serei tratado de inimigo da nação e único ser a não enxergar o quanto   saúde pública no Brasil beira a perfeição. Acho que sofro de miopia fatal, (rs).

Como somos aqui amigos quase íntimos, vou confessar o pensamento mais escabroso que tive! Imaginei que Lara trazia no envelope uma intimação para teste da Paternidade!! Me imaginei indo no programa do Ratinho, acusado de ser pai de um indivíduo adolescente, oriundo de alguma aventura advinda de um porre homérico, daqueles que todos nós já passamos quando tínhamos vinte e poucos anos, ou trinta e poucos, ou quarenta... vai saber, cada um que se enquadre onde lhe convier.

Para minha alegria e fim da minha angustia, Lara chegou ao bar. Entrou com seu sorriso brilhante , seus cabelos loiros e seu olhar expressivo. Nesse instante o bar parou. Lara tinha essa característica. Se só eu sentisse diriam ser corujice ou coisa de homem bobo. Não era. Pararam os garçons, a turma do balcão e até meia dúzia de presentes para admirar seus encantos.

Com sua simpatia natural de sempre, ela sorriu para nossos já amigos garçons, passou pelo balcão para cumprimentar a turma, acenou para o gerente e só em seguida caminhou em minha direção. Beijou me a boca com seus lábios macios e úmidos, segurando me pela nuca e pressionando mais minha boca contra a sua. O Beijo de Lara tinha gosto de sorriso,  um misto de doce com a suavidade de uma seda e  suculento como um xburger do "The Fifities" e brownnie com sorvete do Outback , delicioso e com sabor de pecado, de proibido.

Lara afastou seus lábios, me olhou com brilho e sentou se ao meu lado acenando para que Chico lhe trouxesse um chopp dos bem gelados. Colocou o envelope sobre a mesa e me ordenou que o abrisse e lesse a maravilhosa noticia contida lá dentro.

Confesso que me ocorreu um frio na barriga, uma leve taquicardia que logo se dissipou. Peguei o envelope e para minha alegria e surpresa ali estava um convite, para Lara ser homenageada por uma ONG internacional, devido ao seu trabalho voluntário como pediatra em entidades carentes. Eu com pensamentos mirabolantes e ela com uma noticia singela e feliz. Minha mente anda viciada em desgraças, talvez efeito colateral do noticiário televisivo contemporâneo.

Cada vez devemos esperar menos dos governos e fazermos mais por nós mesmos. O lema de minha esposa, e que gostaria muito de disseminar por esse povo de bom coração que é o brasileiro.

Comemoramos com mais uns chopps e petiscos e fechamos a conta. Já era hora de voltar para casa. No dia seguinte eu teria que ir a pousada fazer o fechamento do mês com nossos amigos franceses. Na próxima eu conto sobre como nos conhecemos!

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Inté!