quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Capitulo 14 – Clarear de vez Lumiar

O pedido de Lara invadiu meu corpo como com um adoce sensação de prazer e êxtase. Naquele momento o mundo parou e eu me senti um privilegiado por Deus. O perfume de Lara, Seus belos olhos, seu jeito carinhoso, aquela musica maravilhosa, um lugar dos sonhos. E para completar, Lara me pedindo para levá-la comigo, para onde quer que fosse. Eu conhecia uma bela pousada em Mury, distrito de Nova Friburgo e próximo de Lumiar, lugar tranqüilo e paradisíaco, cheio de cachoeiras, restaurantes, um lugar perfeito para um fim de semana romântico. Eu tinha uma mala de roupas no carro pois passaria o fim de semana com amigos em Teresópolis, mas diante de tal convite, daria bolo neles e com todos os motivos do mundo para tal. Falei ao ouvido de Lara: Vamos para uma pousada que eu conheço em Mury, você quer? Ela sorriu aquele sorriso de anjo e disse: “Claro meu amor, vou pedir a governanta para preparar uma mala. Passamos lá e vamos direto”. As palavras de Lara “claro meu amor” ainda ecoavam dentro de mim. Me deixou tão encantado que eu mal ouvi as palavras de Lara, e fui andando meio em transe, de mãos dadas com a mais bela mulher do baile em direção a porta. Meu transe foi interrompido pelo manobrista que me pediu o ticket para retirar o carro. Passamos em seu prédio na Lagoa e lá estava a mala de Lara, prontinha, nos esperando. Nada como ter empregados competentes. Colocamos a mala no carro e pegamos a estrada. Eu só havia bebido uma taça de champanhe, a do brinde inicial, e Lara no banco do carona me pediu: “Coloca uma música bem bonita para mim Herculano”? Seu pedido caíra como uma luva. Eu tinha no carro um Cd novo, com uma bela parceria de minha musa Marisa Monte em parceria com Erasmo Carlos que começava assim: “Guarde segredo Que te quero E conte só Os seus prá mim Faça de mim O seu brinquedo Você é meu enredo Vem prá cá... Te quero, Te espero, Não, não vai passar, O amor não falta estar...” A música era linda, romântica e cantada em dueto ficava ainda mais bela e encantadora. Lara era mesmo cheia de surpresas. Só em ouvir a introdução ainda só instrumental já cantarolou os primeiros versos. Fiquei em silencio ouvindo a voz de Lara acompanhando a letra. Para minha sorte, Lara cantava de olhos fechados e assim não viu as diversas lágrimas que correram no meu rosto durante aquele momento inesquecível, até hoje em minha memória. Chorei várias vezes na vida depois desse dia ao ouvir essa música, que no futuro teria novo momento marcante em minha vida. Mas cada coisa na sua hora e futuramente contarei a vocês esse episódio. Mais algumas músicas e Lara adormeceu. Chegamos em Mury à noite e fui recebido por Helga, uma suíça erradicada no Brasil e mulher de Hans, alemão, ex- funcionário de uma multinacional do ramo de medicamentos. Hans se aposentou cedo e juntamente com Helga construíram a pousada com ótimo gosto e conforto. Helga cumprimentou Lara e nos deu o melhor chalé da Pousada. Todo em madeira, cama queen com um docel de renda, muito mais de enfeite do que contra mosquitos, lareira, hidromassagem, luzes indiretas na parede em pequenos lampiões , uma Tv que ficaria desligada a noite toda e um pequeno aparelho de som para uma trilha sonora que embalaria nossa noite de amor e de sono. A meu pedido, Helga havia deixado uma garrafa de champanhe no quarto, com duas taças, morangos e trufas. Lara entrou e sorriu para o que viu. Serviu o champanhe e pegou dois morangos. Colocou um em sua boca e me beijou para dividí-lo comigo. Em seguida comeu o outro e brindou comigo. “A Nós meu amor e a esse sonho que você está me fazendo viver”. Colocou as mãos sobre meus ombros, sorriu para mim e falou: “Você é cheio de surpresas Herculano, me beije agora e me ame como nunca fui amada em minha vida”. Eu beijei Lara como nunca havia beijado outra mulher antes em minha vida. Meu coração batia diferente, minha mente só pensava em fazer daquele momento o mais feliz de minha vida. Toquei a pele de Lara como se fossem pétalas de rosa, beijei-a como se ela fosse a única mulher do mundo e amei Lara como se fosse o último dia de nossas vidas. Adormecemos debaixo do edredom, abraçados de conchinha como se fossemos apenas um, essa noite eu sonhei que Lara era um anjo enviado por Deus para encher minha vida de amor e esperanças. Acordamos no dia seguinte, agora com Lara deitada em meu peito. Lara era linda até acordando. Ela suspirou, acariciou meu peito, me olhou com aqueles lindos olhos e suavemente disse: “Bom dia meu amor”. Era a frase mais linda que eu tinha ouvido ao acordar. Descemos para o café de Helga, que era um espetáculo. Ela fazia os pães, os bolos e as geléias na pousada. Café, sucos frios, frutas, tudo deliciosamente servido em louças de porcelana, numa varandinha à beira de um riacho que passava pela pousada. Além de tudo isso, Helga ainda nos brindava com sua agradabilíssima companhia. Contava histórias da pousada, da suíça, da família que ficou lá e fazia questão de ser agradável. Helga tinha dois vira latas que pasmem, falavam alemão com os donos, era mais uma particularidade do doce lugar. De frente para a varanda, próximo ao riacho, um jardim com hortências, orquídeas e roseiras, todas muito floridas, coadjuvavam a beleza iluminada de Lara. Tomamos o café demoradamente, curtindo aquele momento gostoso e seguimos para Friburgo. Há anos Lara não ia até lá, e queria passear pela cidade. Andamos bastante pelo centro, fomos a feira do colonizador - onde passamos horas apreciando artesanatos - e depois fomos ao famoso teleférico de Friburgo. Lara, apesar de rica, era simples e curtia as coisas boas da vida. Paramos no alto do morro do Elefante e ficamos lá, admirando a região. A fome começou a bater e Lara pediu para almoçar. Lembrei de um lugar especial na região, no início da estrada para Lumiar. O restaurante na beira da estrada era uma delícia. De um lado um empório onde vendiam mel, geléias de pimentas doces e tudo mais que pudessem fabricar. Do outro, um pequeno restaurante com umas mesinhas e uma cozinha aberta, sem paredes. Das mesas víamos nossos pratos sendo preparados por senhoras que cozinhavam divinamente. Antes do prato, o couvert, com pães e uma deliciosa pasta de tomate seco, que só lá eu havia comido na vida. Eu pedi Fran Rack com batatas assadas ao alecrin e cogumelos frescos. Lara pediu a famosa truta da região a Belle Muniére. Brindamos com uma bela taça de vinho tinto enquanto esperávamos. Nossos olhares eram os mais apaixonados. Conversávamos muito e Lara me contava muito sobre suas viagens, sobre seu trabalho sua família. Lara era uma enciclopédia de conhecimentos e experiências. Os pratos chegaram lindos, perfumados, deliciosos. Lara deu aquele olhar doce e desejoso para meu prato e comentou:!nossa, está lindo, deve estar delicioso”. Eu provei, estava mesmo dos deuses. Foi a minha única garfada no prato, que em seguida troquei com Lara, jurando que o dela estava mais apetitoso. Lara fingiu acreditar e com as bochechas rosadas pelo vinho e pela gentileza no meu ato se deliciou com minhas costelas de cordeiro. De sobremesa, petit- gateau com sorvete de creme e calda de chocolate. Tudo maravilhoso. Voltamos à pousada de Helga para aquele gostoso cochilo à tarde, o sono da beleza como intitulou Lara. Ela deve dormir esse sono todo dia, pensei eu, supondo descobrir o segredo de sua beleza. Acordamos às 18 horas e fomos curtir a sauna, depois a hidromassagem, mais champanhe e nos arrumamos para a noite. Helga indicou um bar em São Pedro da serra, 10 minutos depois de Lumiar. Fomos até lá, um bar aconchegante, numa casa antiga, decoração rústica, pouca luz. Velas sobre as mesas que eram máquinas de costurar antigas, do início do século XX com tampos de madeira. Uma bela moça cantava num banquinho, acompanhada por um senhor ao violão. MPB de primeiríssima qualidade. Comemos, namoramos, ouvimos as músicas, fizemos pedidos, dançamos de rosto colado e nos beijamos muito. O fim de semana estava perfeito e eu ,perigosamente e inadvertidamente , envolvido pelos encantos e pelo charme incontestável de Lara. Como se não fosse o bastante, Lara foi até o pequeno palco e cochichou algo no ouvido da moça, que olhou para o senhor do violão e fez o sinal de positivo para Lara. O golpe de misericórdia de Lara. A moça pegou o microfone e disse que era uma música oferecida para Herculano, por uma moça que se identificou como, a mulher mais feliz desse fim de semana. Ele dedilhou o violão e ela entoou: “O meu amor tem um jeito manso que é só seu, E que me deixa louca quando me beija a boca, A minha pele toda fica arrepiada, E me beija com calma e fundo, Até minh'alma se sentir beijada, O meu amortem um jeito manso que é só seu, Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos, Com tantos segredos lindos e indecentes, Depois brinca comigo, ri do meu umbigo, E me crava os dentes, Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz, Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz”. Dessa vez não tive como evitar que Lara visse meus olhos marejados. Dançamos em frente ao palco, sem desviarmos o olhar um do outro por nenhum segundo. Agradecemos pela música pagamos a conta e voltamos correndo para a pousada para mais uma inesquecível e extenuante noite de amor. Lara adormeceu em meu peito, linda, leve, sorridente.

5 comentários:

Ellen disse...

Lennon,donde veio todo esse seu conhecimento musical?Voce faz, atraves de Herculano, uma retrospectiva do que há de mais belo na MPB, inclusive homenageando o injustiçado Erasmo, autor de letras e músicas maravilhosas, e que só é conhecido pela maioria como o patinho feio da dupla RC&EC.Pela sua idade, vc está mais para a geração RPM,Barão,Paralamas, etc., do que para EC,Vinicius,Cartola,Chico, etc.Até mesmo para o homenageado de seu nome, que é lá dos idos de 60/70.Seja lá como for, parabéns pelo gosto refinado.Seguramente essa caracteristica do Herculano da a ele um que de especial e justifica todo o seu romantismo.Estou ansiosa para saber quem será " a próxima vitima" dele.Quanto tempo nao encontro um Herculano por aí....

Lennon Pereira disse...

Boa tarde Hellen, primeiro quero agradecer por ler o livro e tambem pelos seus comentários. Amo MPB e achei que seria interessante ilustrar os momentos do personagem com musicas da MPB que aprendi a amar. Fico feliz que esteja gostando e teremos ainda muitos clássicos. Sou mesmo da geração de RPM, Blitz e etc, mas eu amo Musica seja de que geração ou época for, desde que tenha qualidade.
Cocordando com você, Acho que Erasmo é um espetacular letrista, que transita pela MPB, Rock e Bossa nova e que está sendo homenageado humildemente por mim no livro.
Abraços Hellen e mais uma vez muito obrigado, comentários são sempr ebem vindos!

Angélica disse...

Nossa, que lindo! Um sonho! O bom gosto musical, riqueza nos mínimos, porém importantes detalhes e o romantismo são os pontos altos da história...de quem mesmo??? risos!

Ingrid disse...

Herculano e seus encantos...cada vez mais envolvente...

Lennon Pereira disse...

Obrigado Angélica e Obrigado Ingrid, minhas fiéis leitoras queridas