quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Capitulo 13 A Festa de beneficente de Lara

Em menos de cinco minutos Lara apareceu. Saiu pela portaria do prédio e estava deslumbrante. Lara vestia um longo preto, com alça apenas sobre o ombro esquerdo, luvas dessas de festa, pretas é claro. Um solitário lindo na mão esquerda. Um colar de diamantes, lindo, em ouro branco fazia conjunto com os brincos, também de diamantes. Uma bolsa de festa e pulseiras também em ouro branco, maquiagem fina e elegante e os cabelos lindos e soltos harmonizavam com aquela visão dos céu. Lara sorriu e o brilho de seu sorriso iluminou a noite. Minha sensação era de que havia holofotes em Lara. Ela caminhou em minha direção, me cumprimentou e disse que eu estava muito elegante. Receber um elogio daquela bela mulher era realmente algo que me fazia muito feliz. Disse que ela estava estonteante e que eu seria o homem mais invejado da festa por estar em sua companhia. Lara me chamou novamente de “um fofo” e eu confesso que já estava gostando da expressão saindo de sua boca. Lara me deu um leve selinho, eu abri a porta do carona, ela entrou e sorriu para mim. Dei a volta, entrei no carro e ela comentou: “Cavalheiro você Herculano, abriu a porta me esperou entrar. Artigo raro hoje em dia”. Acho que eu estava com um sorriso congelado no rosto, de tão bem que me sentia naquele momento. Liguei o carro e fomos para a festa. O evento era em um tradicional clube carioca e ao chegar vi que a noite seria mesmo inesquecível. Carros com motoristas, gente elegante, TVs filmando a entrada dos convidados. Eu e Lara entramos rapidamente, longe dos holofotes. Lara era Linda, rica, chique, pai dono de uma conhecida empresa e discreta. Apresentamos os convites encontramos nossa mesa, muito bem posicionada próximo a pista de dança e de frente para o palco onde a orquestra começava o baile. A localização especial da mesa se devia ao famoso sobrenome de Lara, é claro. Com seus pais em Londres a passeio, ela representava a família. Em nossa mesa ainda chegariam mais um casal de sobrenome nobre e o diretor de uma grande multinacional, desses que toda hora estão nas revistas de economia. O lugar era lindo, o salão nobre do clube com vitrais franceses e detalhes em dourado na decoração do teto, lustres de cristais lindos e o piso de madeira. Mesas redondas impecavelmente decoradas, com arranjos de flores e aparelho de jantar que indicavam que teríamos entrada, prato principal e sobremesa. Louça fina e talheres de prata e copos de cristal. Porém, o que havia de mais fino e elegante naquele evento estava sentada ao meu lado. Lara bebia uma taça de champanhe e eu a admirava. Queria que aquela noite fosse eterna. A essa altura os demais casais já haviam chegado e conversávamos sobre temas variados. A orquestra Tabajara de Severino Araújo animava a festa. Começaram a tocar My Way do genial Sinatra. Lara pousou a taça sobre a mesa, pôs a mão sobre meu ombro e disse baixinho: Me leva para dançar? As palavras de Lara me enfeitiçaram. Imediatamente levantei, puxei sua cadeira e a levei pela mão até o salão. Ao lado daquela mulher eu me sentia nas nuvens. Paz, admiração e orgulho eram sentimentos que se misturavam à taquicardia que me dava de estar tão perto daquela princesa. Dançamos e rodopiamos pelo salão. Lara ela leve e dançava como uma pluma. Eu havia feito minhas aulas de danças de salão e gostava muito desse tipo de dança. A bela música e o perfume de Lara quase me faziam flutuar. Ela dançava e sorria. Lara estava leve, com uma sensação de bem estar que me contagiava. A mim e a todos os presentes. Dançamos mais umas duas músicas e voltamos a mesa. Lara queria mais champanhe e apressei-me em providenciar. Algumas pessoas vieram falar com Lara, amigos dos pais, amigos de colégio e até o prefeito veio a nossa mesa. Político é assim, não perde uma chance de ser simpático com seus eleitores. Eu havia votado nele, mas não por paixão e sim por falta de opção. Quando ele se retirou Lara sussurrou: “Papai diz que político é tudo igual, sorriem para quem não gostam e choram por quem nem conhecem. Tudo para manter a imagem e o poder”. Eu ri e concordei com a sabedoria franca e direta de seu pai. Para sobreviver no meio das raposas tem que ser uma delas ou entender como pensam, diria eu. Aquele conto de fadas estava me fazendo muito bem. Estranho como com Lara eu não tinha medos. Aquela mulher me passava uma sensação de paz. Tomei um gole de champanhe que em pensamento brindei em agradecimento a Gil. Bebi e pensei: obrigado por ser tão idiota. O baile estava animado pela evolução do teor etílico dos convidados, todos mais descontraídos. Artistas, políticos, socialites, peruas, empresários... A Orquestra entoou lança perfume e foi minha vez de convidar Lara para a pista. Ela consentiu e disse para mim que adorava aquela música. Dançamos como se fóssemos pares de dança há anos. Lara sussurrou no meu ouvido: “Herculano, veja ali aquela jovem senhora, a esquerda de vestido azul, viu”?, disse que sim e ela prosseguiu: “É uma viúva riquíssima, já fez umas quinze plásticas e sempre faz generosas doações quando está feliz. Ela está de olho em você, pois ela adora dançar. Você pode me fazer um favor”? Fazer um favor para Lara não era sacrifício e sim uma benção. Disse imediatamente que sim, que faria qualquer favor para ela. Ela me bateu de leve no ombro me chamando de bobo, sorriu e prosseguiu. “Vou te levar para uma dança com ela. Seu nome é Sylvia Montes de Albuquerque. Direi que és meu amigo e que é um dos diretores da creche do Pavão-Pavãozinho. Sua missão será deixá-la feliz para que ela nos faça uma generosa doação. A creche passa por dificuldades. Você pode fazer isso por mim Herculano”? A missão dada por Lara a mim me fizera ficar eufórico. Fazer algo para impressionar Lara era um grande desafio. Como impressionar alguém que tem tudo na vida? Que conhece todos os lugares do mundo? Sim, ajudando no mais importante para Lara, sua obra assistencial. Lara me apresentou a Sylvia, uma senhora jovem do alto de seus quase setenta anos! Lara com seu jeitinho doce fez elogios e logo Sylvia comentou: “como vocês dançam bem”! Foi a deixa e Lara completou sem pestanejar: “Dance com Herculano Sylvia ( se a chamasse de Sra ela ficava brava), ele que me leva, é um gentleman e um belo dançarino, alem de ser o diretor da minha creche”. Sylvia agradeceu piscou para ela e me concedeu a dança. Tocava um bolero agradável e logo começamos um papo. Falamos de música, elogiei sua beleza e elegância. Ela teceu os maiores elogios à Lara e eu consenti, em tudo. Eu sorria, ouvia e conduzia Sylvia pelo salão. Eu buscava uma brecha para conquistar Sylvia e posteriormente conseguir meu objetivo. Sylvia no meio do papo disse que iria assistir a gravação do especial de fim de ano de Roberto Carlos, e se disse muito fã do Rei. Eu não era especialista no assunto, mas por causa das violadas com Lucas, conhecia algumas das mais clássicas. Sylvia disse que tinha adoração por Cavalgada que, em sua opinião, era a música mais linda do Rei. Lembrei então do dia em que Lucas me contou sobre essa letra, me falando que o Rei narrava uma noite de amor. Dancei com Sylvia em direção ao palco e, quando chegamos lá, pedi licença e cochichei no ouvido de do “crooner”. Alguns minutos depois ele pegava o microfone e dizia: “Em homenagem a uma distinta convidada, nossa querida Sylvia Montes Albuquerque, queremos oferecer essa música”. E começaram assim “... Vou cavalgar por toda noite, por uma estrada colorida, usar meus beijos como açoite e a minha mão mais atrevida...” O sorriso e a alegria de Sylvia eram gritantes. Nada como massagear o ego de alguém já vaidoso. Sylvia era só sorrisos, contei então a ela sobre como a música foi concebida. A letra corria e eu falava sobre o Rei estar narrando uma noite intensa de amor. Sylvia estava encantada com a minha história. Dançamos, cantarolei umas estrofes, teci elogios ao seu bom gosto musical e a música chegou ao fim. Lara veio ao meu socorro e, ao vê-la, Sylvia tomou a palavra: “Lara querida cuide bem desse rapaz. Galanteador, bom dançarino, ótimo gosto musical e ainda envolvido em caridade. Um achado, traga-o mais vezes! Quero ter o prazer de conversar e dançar com esse jovem e encantador rapaz ( ainda bem que Sylvia não me chamou de Fofo, pensei rindo por dentro). Vou deixá-los agora, cuide dela Rapaz! E antes de se retirar disse: Lara venha até minha mesa comigo, vou lhe dar um cheque para ajudar a creche”. Missão cumprida. Eu tinha conseguido ajudar Lara no que ela me pediu. Fui sozinho para a mesa e alguns minutos depois Lara veio com um sorriso ainda mais encantador. Sentou-se e falou baixinho no meu ouvido: “Herculano, o que você fez com Sylvia”? Por um momento fiquei meio sem saber se tinha dado alguma bola fora, mas Lara logo esclareceu minhas dúvidas. “ Herculano, Sylvia fez uma doação de 40 mil reais! Tudo bem que ela é muito rica, mas uma doação dessas não é qualquer dia que cai do céu”. Eu sorri triunfante, Lara me passou a mão pela nuca, me puxou para perto dela e me beijou, delicada e carinhosamente. Um beijo curto, discreto, mas cheio de sentimento e carinho. Eu sentia seu perfume e o pulsar de seu coração. Após o beijo , a frase que me inundou o coração: “Obrigado Herculano, você não sabe o quanto a o trabalho na creche é importante para mim”. A orquestra tocou a clássica musica de Tom e Vinícius: “... eu sei que vou te amar/ por toda a minha vida eu vou te amar”... Levei Lara para a pista e no meio da música, recitei baixinho em seu ouvido: “ De tudo ao meu amor serei atento, antes e com tal zelo que dele se encante mais meu pensamento...” soneto da fidelidade, obra prima de Vinícius, o poeta maior. Lara me beijou como se mais ninguém estivesse no salão. Após o beijo com seu olhar tênue e sua voz doce, falou baixinho: “Me Leva com você, para onde quer que seja, me leva”!

9 comentários:

Kelly disse...

Xi... Agora Herculano tá lascado! Será que ele levará Lara para onde ele for?
Escreva logo o próximo capítudo!
bjs

Lennon Pereira disse...

Será?

Ingrid disse...

Dá-lhe Herculano, o bom vivant!!!!rsrs

Andre disse...

Esse Herculano é fera!Joga bem em qualquer camada social.Só falta atacar na mais alta esfera da Sra Sylvia.Acho que não.Será demais.Ele não é do tipo que tem estômago para isso.Ou teremos surpresas??

Patricia disse...

Fofo.Me diga uma coisa: seu nome verdadeiro é Lennon ou é mais uma do tipo Herculano?Criatividade igual ao seu homônimo famoso não lhe falta.
ADorei a sua historia que comecei a ler apos o comentario de uma amiga no shoping ontem.Li o último e não me aguentei: li todos.Agora estou ansiosa pelos próximos.

Lennon Pereira disse...

Olá André! Obrigado pela leitura e pelo comentário. Não acredito que Herculano ataque Dra Sylvia, Ele apenas jogou um charminho para agradar Lara, mas tudo é possível, risos e abraços

Lennon Pereira disse...

Olá Patricia, obrigado pela leitura e pelos comentários! Fico feliz que esteja gostando e agradeço à sua amiga pela indicação.
Lennon é meu nome verdadeiro sim.
Em breve, mais capítulos e mais aventuras e romances!Muito obrigado pelo carinho!

Angélica disse...

Mais um capítulo impecávelmente bem escrito e delicioso de se ler.
Ainda não dou palpite de com qual delas e vai terminar a história, se aparecerá uma nova pretendente ou...

Lennon Pereira disse...

Obrigado Angélica!